segunda-feira, 14 de setembro de 2009

.do it now

sexta-feira, 24 de julho de 2009

.só não me peça para ser simpática. simpatia não tem nada a ver comigo.

O primeiro post deste blog era sobre a frase ai de cima. Trata-se de um trecho do livro “A menina que roubava livros”, livro que até hoje não terminei de ler. O que provavelmente deve ter sido culpa da frase ou do livro que não me prendeu ou me bateu a Clarice Lispector – que só comprava livros por causa da capa. O grande lance é que eu peguei a porra da frase pra minha vida, roubei e não devolvi. Não que eu precisasse dessas palavras para legitimar minhas alterações de humor e minha dificuldade de relacionamento, geralmente jogo a culpa disso no fato de eu ser canceriana. Mas a verdade é que eu quero e tento ser simpática, de verdade (ás vezes), mas as pessoas não ajudam. Eu não quero ser nenhuma pollyanna, não tenho paciência e, como já dizia Clarice, “a bondade meânsias de vomitar”. O que eu quero (e tento) é ser mais paciente com o mundo que me cerca. É acordar de manhã e encontrar aquele povo chato no ponto de ônibus e dizer bom dia, sabe? Só pro dia começar bem. É entender que uma gota não vai fazer tua vida virar um dilúvio. E não querer matar um quando você escuta aquela propaganda idiota que diz “o gostoso é rir da vida”, justo no momento que você quer acabar com ela. E tudo isso é um exercício. No meu caso talvez seja terapia, já que eu carrego questões mais pesadas do que a cruz do pagador de promessas. E é bem provável que no segundo dia eu já esteja querendo fazer um remake do dia de fúria porque o computador do trabalho é um cú, mas enfim, não custa tentar. Porque quando a gente chegou ao mundo ninguém avisou que interagir com pessoas ia ser uma coisa tão complicada, mas estamos aí. Então, agora que eu sou uma pessoa boa, pode falar comigo que eu deixo, até tento ser simpática.


quinta-feira, 18 de junho de 2009

.a carta

Das impressões de Caio Fernando Abreu ao conhecer Clarice Lispector.


Sinceramente não sei de quem gosto mais. Eu tenho uma relação muito forte com Clarice, demais da conta. Quando li essa carta fiquei imaginando o que Caio sentiu. Eu sentiria, profundamente, a mesma coisa.


Para Hilda Hilst.

Hildinha, a carta para você já estava escrita, mas aconteceu agora de noite um negócio tão genial que vou escrever mais um pouco. Depois que escrevi para você fui ler o jornal de hoje: havia uma notícia dizendo que Clarice Lispector estaria autografando seus livros numa televisão, à noite. Jantei e saí ventando. Cheguei lá timidíssimo, lógico. Vi uma mulher linda e estranhíssima num canto, toda de preto, com um clima de tristeza e santidade ao mesmo tempo, absolutamente incrível. Era ela. Me aproximei, dei os livros para ela autografar e entreguei o meu Inventário. Ia saindo quando um dos escritores vagamente bichona que paparicava em torno dela inventou de me conhecer e apresentar. Ela sorriu novamente e eu fiquei por ali olhando. De repente fiquei supernervoso e sai para o corredor. Ia indo embora quando (veja que GLÓRIA) ela saiu na porta e me chamou: - "Fica comigo." Fiquei.

Conversamos um pouco. De repente ela me olhou e disse que me achava muito bonito, parecido com Cristo. Tive 33 orgasmos consecutivos. Depois falamos sobre Nélida (que está nos States) e você. Falei que havia recebido teu livro hoje, e ela disse que tinha muita vontade de ler, porque a Nélida havia falado entusiasticamente sobre Lázaro. Aí, como eu tinha aquele outro exemplar que você me mandou na bolsa, resolvi dar a ela. Disse que vai ler com carinho. Por fim me deu o endereço e telefone dela no Rio, pedindo que eu a procurasse agora quando for. Saí de lá meio bobo com tudo, ainda estou numa espécie de transe, acho que nem vou conseguir dormir.

Ela é demais estranha. Sua mão direita está toda queimada, ficaram apenas dois pedaços do médio e do indicador, os outros não têm unhas. Uma coisa dolorosa. Tem manchas de queimadura por todo o corpo, menos no rosto, onde fez plástica. Perdeu todo o cabelo no incêndio: usa uma peruca de um loiro escuro. Ela é exatamente como os seus livros: transmite uma sensação estranha, de uma sabedoria e uma amargura impressionantes. É lenta e quase não fala. Tem olhos hipnóticos, quase diabólicos. E a gente sente que ela não espera mais nada de nada nem de ninguém, que está absolutamente sozinha e numa altura tal que ninguém jamais conseguiria alcançá-la. Muita gente deve achá-la antipaticíssima, mas eu achei linda, profunda, estranha, perigosa. É impossível sentir-se à vontade perto dela, não porque sua presença seja desagradável, mas porque a gente pressente que ela está sempre sabendo exatamente o que se passa ao seu redor.

Talvez eu esteja fantasiando, sei lá. Mas a impressão foi fortíssima, nunca ninguém tinha me perturbado tanto. Acho que mesmo que ela não fosse Clarice Lispector eu sentiria a mesma coisa. Por incrível que pareça, voltei de lá com febre e taquicardia. Vê que estranho. Sinto que as coisas vão mudar radicalmente para mim – teu livro e Clarice Lispector num mesmo dia são, fora de dúvida, um presságio. Fico por aqui, já é muito tarde.

Um grande beijo do teu Caio


*Clarice queimou as mãos e partes do corpo depois de um incêndio na sua biblioteca. Ela entrou no meio do fogo para salvar os livros.

*Queria ter sido amiga da Hilda, só pra chamá-la de Hildinha :)


sexta-feira, 5 de junho de 2009

.rezando o mantra do tcc

ultimamente eu ando tão sem saco que só consigo preencher os 140 caracteres do twitter. espero voltar ao normal depois da entrega do meu tcc.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

.as senhorinhas me amam!

Domingo, quase véspera de feriado, dormindo, sem vontade de levantar para comer ou qualquer necessidade básica, tocam na porta me chamando para um almoço. A avó do meu namorado chegou e a família vai se encontrar em um restaurante. Fui tomar banho e me deparei com uma tatuagem enorme no braço. Virei para o espelho, ela ainda estava descascando e meu braço estava parecendo um peixe cheio de escamas. Parei pra pensar o que a avó dele e suas companheiras da terceira idade diriam do desenho no meu braço. Ou pior, do que não diriam, do que seus rostos mostrariam. Coloquei um casaco e fui. Chegando lá, a minha sogra, prontamente, abriu o verbo pra família inteira: Olha aqui no braço dela! De repente me vi com 3 senhorinhas e umas tias, armadas com celulares na mão, tirando foto e dizendo: Que linda! Olha que legal! Tira foto não-sei-quenzinha! E a mais velhinha, na cadeira de rodas, olhou pra mim docemente e disse: Gostei do brinquinho no nariz!

Eu sempre gostei de tatuagens e essa é a minha sétima. Por estar acostumada a ouvir coisas como daqui a vinte anos..., que vou ficar uma velha flácida e caída, que nunca mais vou arranjar um emprego na vida, fiquei feliz por ver pessoas que não pensam assim e não rogam pragas sobre a minha existência tatuada.

Pensando como as pessoas personalizam suas casas, seus computadores, suas agendas, descobri como gosto de ter uma pele personalizada e colorida! De como é legal se reafirmar através do corpo, seja por roupas, corte de cabelo ou a tatuagem, tudo é válido quando não se existe preconceito.

Ontem fui ao shopping e, quando estava me olhando no espelho, uma senhora elegante, de uns 60 e poucos anos, me olhou e depois se aproximou, sua tatuagem é linda, disse ela. Dei um sorriso e sai, toda orgulhosa.

Que algumas pessoas iriam me olhar feio por causa da tatuagem no braço eu já sabia, mas que ela ia ser tão adorada pelas senhorinhas, ah, isso eu adorei saber!


segunda-feira, 13 de abril de 2009

.o conto [1]

Os pingos de chuva da janela refletiam cores que ela nem sabia que existia. Era estranho olhar para a natureza, perceber como tudo era tão independente. Ela inveja essa independência. O fato simples de existir, de não pensar nas coisas que incomodavam. Foi nesse momento, rápido demais, que a imagem molhada dos pingos se misturou com as lágrimas, um prisma triste. Ela não sabia lidar com sentimentos, definitivamente não. Inventava as coisas depois se perdia nelas, criava situações que não podia deixar. Quanto mais pensava no que estava por vir menos entendia. Queria ser uma gota colorida de chuva, aquela que rapidamente desaparece com o sol, sem precisar explicar sua existência, sem sofrer. Parecia tão fácil, mais simples do que viver.

sábado, 21 de março de 2009

.re-leitura de mim

Hoje reli o blog. Não com o mesmo olhar que tive ao criá-lo, mas sim com estranheza. Li os poemas que postei e comecei a lembrar porque os havia colocado ali, sensação esquisita. Era como entender o porquê deste espaço sem autor identificado, como rever um filme gasto pelo tempo. Com alguns defeitos. Acendi um cigarro. Pulei para os textos que eu havia escrito em momentos propícios onde os textos acadêmicos não me ocupavam o tempo e o espaço. Foi neste pequeno instante que pensei porque tinha parado de escrever. Hoje perdi o jeito com as palavras e elas insistem em formar frases desorganizadas, sem nenhum sentido para mim. Descobri que preciso de alguma coisa forte para me obrigar ao ato de escrever, um sentimento. Quanto a está última palavra, nunca me dei bem com ela, talvez por isso precisasse tanto das outras.

Quem sabe é hora de voltar.

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